Levantamento mostra que idosos de Ribeirão estão mais expostos à violência do que há três anos (F.L. Piton / A Cidade)
Nos últimos três anos, o número de idosos sujeitos a algum tipo de violência dobrou em Ribeirão Preto.
Dados da Coordenadoria do Idoso mostram que, em 2009, foram recebidas 181 denúncias de violência praticada contra cidadãos da Terceira Idade. Ou seja, uma a cada dois dias. Três anos depois, em 2012, o número saltou para 448, o que aponta para mais de um caso por dia.
No primeiro trimestre deste ano, os números indicam a manutenção da média de 2012. Até março, já foram registradas 95 denúncias – pouco mais de uma por dia.
De acordo com Paulo Picolo, responsável pela coordenadoria, seis em dez casos (63%) estão relacionados com negligência e abandono de idosos. Depois, seguem várias formas de violência física (16%), financeira (12%) e psicológica (9%).
“Infelizmente, durante os atendimentos, é comum percebermos casos em que ocorre mais de um tipo de violência”, afirmou.
Desde 2009, cerca de 1,3 mil idosos já foram atendidos na Coordenadoria do Idoso por terem sido alvo de algum tipo de violência.
Disque 161
O aumento da violência contra idosos também foi percebido no Disque Assistência Social, que pode ser acionado em Ribeirão Preto pelo número 161. “A violência contra esses cidadãos foi a que mais cresceu nos três anos em que o sistema está implantado”, afirmou o coordenador do serviço, Frederico Mazzo.
Segundo ele, no primeiro ano de existência, em 2009, o Disque 161 recebia de uma a duas ligações por mês, ou seja, uma a cada duas semanas. Hoje, recebe 10 a 14 por mês, isto é, uma a cada dois dias. Segundo ele, na maior parte dos casos, o agressor está dentro de casa, seja como parente ou como cuidador.
Contextualização
Apesar de reconhecer o aumento significativo dos casos, Mazzo entende que as informações devem ser contextualizadas. “Nós não podemos associar imediatamente o aumento das denúncias ao aumento dos casos de violência”, afirmou. “O que se pode dizer, sem dúvida, é que as pessoas, principalmente os idosos, têm hoje mais consciência a respeito dos seus direitos do que há alguns anos”, completou.
Violência marca crimes
No último ano, pelo menos quatro crimes contra idosos chocaram Ribeirão Preto. O último ocorreu há menos de um mês.
No dia 13 de março, uma aposentada de 85 anos foi esfaqueada dentro de casa e morreu a caminho do pronto-socorro. Até agora, o assassino não foi preso.
Três dias depois, um homem de 81 anos foi baleado no pescoço durante um roubo, apesar de não ter esboçado qualquer reação. Ele foi alvejado enquanto tirava o carro da garagem, nos Campos Elíseos. O idoso sobreviveu ao tiro.
Em julho do ano passado, dois crimes também surpreenderam, um pela violência utilizada, outro pela desfecho trágico.
No dia 21, nos Campos Elíseos, um homem de 88 anos foi vítima de um roubo em casa. Ele foi agredido com um soco no olho e espancado no chão por vários minutos. Não morreu, mas ficou dois dias internado.
Dois dias depois, um assalto a uma casa no Parque dos Servidores (zona Leste de Ribeirão Preto) provocou a morte de uma idosa de 63 anos.
Ela não foi agredida pelos cinco assaltantes, mas passou mal, teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Prefeitura cria cartilhas para ajudar idoso
A Secretaria Municipal da Saúde vai lançar duas cartilhas, dirigida especialmente aos cidadãos mais velhos. Elas abordam cuidados que se devem ter para evitar quedas e dicas para profissionais do transporte público e população no trato com idosos, dentro dos coletivos.
A cartilha “Cuidado com o Tombo!!!” aborda temas como o envelhecimento, consequência das quedas, iluminação e disposição dos móveis em residências e o convívio com animais de estimação. Ela vai ser utilizada em treinamentos de equipes que trabalham com idosos e poderá ser encontrada em locais como a Coordenadoria do Idoso e Delegacia do Idoso.
Já a cartilha “Cuidados com os Idosos no Transporte Público” fala dos cuidados que profissionais do transporte e passageiros devem ter com as particularidades dos mais velhos. As cartilhas foram feitas pela Secretaria da Saúde, por iniciativa do Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento.
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