Pesquisa indica que a prevalência de doenças crônicas em pessoas acima de 60 anos que vivem em cidade mineira com quase 23 mil habitantes é semelhante à de grandes metrópoles
O interior é o melhor lugar para envelhecer com saúde, certo? A crença está para cair por terra com os resultados do Projeto Bambuí, que há 15 anos acompanha a população idosa bambuiense. Pesquisadores do Centro de Pesquisas René Rachou, unidade em Belo Horizonte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), descobriram que a prevalência de doenças crônicas em pessoas acima de 60 anos que vivem na cidade mineira com quase 23 mil habitantes é semelhante à de grandes metrópoles. Ao que tudo indica, a realidade poderá ser comprovada em muitas localidades no interior do Brasil e o estudo servirá para derrubar o mito de que quem mora em capitais está mais exposto a doenças.
Iniciada em 1997, a pesquisa contou com a participação de 92% dos idosos de Bambuí, o que corresponde a 1.606 habitantes. Além de retratar a incidência bem próxima de males de cidade grande no interior, os dados evidenciam a fragilidade do sistema de saúde brasileiro, ainda pouco preparado para lidar com o idoso. Para a epidemiologista Maria Fernanda Furtado de Lima e Costa, coordenadora do Projeto Bambuí, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento da Fiocruz, a situação é uma bomba-relógio. “O Brasil tem o processo de envelhecimento mais veloz do mundo. O que na França demorou 100 anos, aqui vai levar duas décadas”, destaca. A pesquisadora se refere à inversão da pirâmide etária, já que o número de velhos em breve ultrapassará o de jovens.
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