CHINA: Governo estima que demência atinja cinco por cento dos idosos




O Instituto de Acção Social (IAS) estima que a taxa de prevalência da demência senil entre a população idosa de Macau atinja 4,9 por cento, com base nos resultados de um inquérito conduzido pelo Instituto de Enfermagem Kiang Wu (IEKW). Com base nos dados, o organismo pretende reforçar os apoios às famílias afectadas pelo problema.

O estudo, conduzido por Bill Zeng Wen, professor da escola de saúde, foi realizado em 2011 e abrangeu um universo de 1940 famílias que contavam com um total de 3262 idosos. De entre estes, cita o IAS, um quinto sofria de dificuldades cognitivas e 4,9 por cento apresentavam sintomas de demência.

A transposição directa dos dados da amostra para o universo da população com mais 65 anos de idade ou mais – 44.600, de acordo com as estatísticas demográficas do final de 2012 – permite pressupor a existência de mais de dois mil casos de indivíduos da terceira idade que sofrem de algum tipo de demência.

As informações foram apresentadas ontem, sem a divulgação integral do estudo ou a presença do seu autor, após a realização de reunião plenária da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior. O Instituto de Acção Social revelou ter já financiado o IEKW com um valor total de 1,3 milhões de patacas, destinado a suportar estudos, uma linha aberta de apoio e novas instalações de serviços designadas como “centro de memória”.

“Há um centro de memória e as linhas abertas relativas à demência senil que vão entrar em funcionamento na segunda metade do ano. Estes serviços serão oferecidos pelo Instituto de Enfermagem”, informou Choi Sio Un, chefe do departamento de solidariedade social do IAS.
“Já começámos a dar apoio a este programa há dois anos. O Instituto de Enfermagem vai convidar alguns académicos para dar sugestões para a optimização do serviço do centro de memória. Este centro de memória dá a conhecer aos familiares os cuidados a ter com os idosos”, explicou Choi.

A definição de demência adoptada, explica o organismo, diz respeito a um conjunto de “sintomas integrados”, não estando clinicamente identificadas as doenças. O estudo referenciado afirma que os idosos apresentam “óbvia falta de memória” e têm a “suspeição de terem sido roubados os seus bens”. O IAS fala em “cerca de 200 idosos diagnosticados com demência senil”.

De acordo com o organismo do Governo, “Macau tem uma taxa semelhante às outras regiões do mundo”. O objectivo é reforçar o apoio aos doentes e respectivas famílias, não apenas através do futuro centro do Kiang Wu.

Choi Sio Un anunciou ontem que o IAS pretende ter um funcionamento, dentro de dois anos, um centro de dia no Fai Chi Kai com capacidade para 130 pessoas e uma unidade com 20 vagas para acolhimento permanente. “Vamos estabelecer uma secção especial em todos os lares para dar serviços aos idosos com demência senil”, revelou também o dirigente, dando conta de planos para 32 vagas.

“O IAS vai subsidiar todas estas actividades promovidas quer pelos centros de acção social, quer pelas instituições particulares. É importante reconhecer os sintomas para que os idosos possam receber tratamento oportuno, para os ajudar a enfrentar esta doença”, declarou o chefe de departamento.

Ao nível de reabilitação, o organismo pretende também manter uma colaboração com instituições particulares para consultas de informação ás famílias. Para além disso, haverá formação e subsídios aos assistentes sociais.

Lei de bases para idosos mantém-se nos planos
Foi em Março de 2011 que o Instituto de Acção Social (IAS) apresentou um texto de consulta para a redacção de um Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos. Tratava-se de fixar por lei um quadro de regalias e assistência mínimas. Mas até agora não há novidades. O tema não esteve na ordem do dia da reunião de ontem da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior, na qual se falou dos trabalhos do Grupo Interdepartamental de Estudo do Mecanismo de Protecção dos Idosos, criado em Novembro último para estabelecimento de um mecanismo sistemático de protecção dos idosos. O Governo, porém, assegura que não desistiu de apresentar a proposta de lei. “Esperamos que no corrente ano”, afirmou Choi Sio Un, chefe do departamento de solidariedade social do IAS. “Tentamos envidar todos os esforços para entregar esta proposta à Assembleia Legislativa o mais rápido possível. Agora há muitas propostas de lei a serem tratadas. Por isso, também estamos a envidar todos os nossos esforços”, garantiu. Além dos trabalhos do grupo interdepartamental e do estudo sobre a demência senil, a comissão também debateu a situação sobre a educação contínua destinada aos idosos e os resultados de uma visita de estudo a Sichuan, realizada no ano passado.

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