Estudo diz que equilíbrio entre receita e gastos vai ser fundamental nos próximos anos.
O processo de envelhecimento da população brasileira criará um cenário de oportunidades e de riscos para as operadoras de saúde suplementar. Isso porque também os gastos das operadoras serão maiores para custear a saúde dos mais idosos. A previsão é de estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess) em novembro, urante o seminário internacional “Projeções do custo do envelhecimento no Brasil”, na capital paulista. Os gastos podem subir 35% em 2030, dos R$ 59 bilhões de 2010 para R$ 80 bilhões, puxados pela maior presença de idosos entre os beneficiários de planos de saúde.
As estimativas do estudo tomaram como base dois cenários: considerando o “efeito demográfico puro” (sem aplicar indicador inflacionário) e levando em conta que os idosos têm mais consultas do que bebês de até quatro anos; e o fato de que o número de internações da população entre 60 e 69 anos é o dobro daquela com idade entre 40 e 49 ano.
No primeiro caso, utilizou-se uma amostra de operadoras de planos individuais, e projetando para o conjunto de todo o mercado, concluiu-se que as despesas atingiriam R$ 83,1 bilhões em 2030 e, em 2050, saltariam para R$ 104,7 bilhões. No segundo cenário, o Iess considerou uma amostragem de operadoras de autogestão e os gastos projetados subiram ainda mais: R$ 87,6 bilhões em 2030 e R$ 117,5 bilhões, em 2050.
Apesar disso, o superintendente executivo do Iess, Luiz Augusto Carneiro, não considera o envelhecimento da população algo negativo para o mercado da saúde suplementar, se houver equilíbrio financeiro entre os gastos e as receitas das operadoras. “Enxergamos uma grande oportunidade, mas que pode se tornar um risco. O problema não está em envelhecer, mas em não haver equilíbrio entre o valor cobrado e as despesas da área”, disse.
Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha em 2010 190,8 milhões de habitantes, dos quais 11% com idade a partir de 60 anos. Para 2030, a estimativa do IBGE é que os idosos somem representem 19% da população de 216,4 milhões. O estudo do IESS, portanto, analisa o momento posterior ao chamado “bônus demográfico”, período em que a parcela da população em idade ativa é maior do que a da população dependente.
Na avaliação da Iess, a previsão é que o bônus demográfico termine entre 2020 e 2025, como resultado do crescimento mais acelerado da população idosa. O total de beneficiários de planos de saúde poderá crescer de 44 milhões de pessoas, em 2010, para 51 milhões, em 2030, se a atual “taxa de cobertura” (participação de beneficiários no total da população), que gira em torno de 20%, for mantida.
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