São Carlos é a segunda cidade a oferecer o curso de Gerontologia, que forma profissionais para atender idosos - Gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. Um campo de estudos que investiga a velhice de várias formas. O curso de graduação ainda é novo no país, o primeiro foi implantado pela USP em São Paulo; na Universidade Federal de São Carlos a primeira turma começou em 2009. O aluno que escolhe a gerontologia deve ter um espírito multidisciplinar e estar disposto a trabalhar em equipe, tem que ser articulado e ter iniciativa.
“É preciso ter um olhar diferenciado, pois a longevidade é uma crescente. Temos que conhecer as patologias que afetam essa população e estarmos preparados para melhor atender o idoso, na sociedade como um todo”, argumenta a coordenadora do curso, Sofia Cristina Iost Pavarini.
Antes do contato direto com os idosos, a prática simulada com bonecos
Foto: Maurício Motta
O curso da UFSCar tem quatro anos de duração e oferece 40 vagas/ano. Os focos principais são gestão e pesquisa. O tema envelhecimento faz parte do 1º ano, e na segunda etapa os estudantes se dedicam ao estudo da velhice saudável. A velhice fragilizada começa no sexto bloco, e no último ano o aluno faz um projeto de gestão para uma instituição. O profissional tem que ser um generalista e pode trabalhar na formação de cuidadores de idosos, na implantação de políticas públicas, além de asilos, clínicas e instituições de longa permanência.
Aline Silveira Viana, aluna do curso da UFSCar, ainda não sabe bem onde vai atuar, mas tem certeza que escolheu o curso certo. “Por gostar muito de idosos escolhi gerontologia, mas minha intenção é poder aliar meu conhecimento com a educação”, conta.
Antes, para atender a demanda, profissionais buscavam uma especialização, mas a partir do ano 2000 o setor mudou. Mundialmente houve um aumento no número de escolas para a formação de um gerontólogo, e o mercado começa a abrir vagas.
A professora explica que com base nos números do IBGE, a pirâmide da população brasileira vai se inverter em pouco mais de dez anos. “O país vai ter mais idosos do que crianças, por isso até agora as empresas oferecem creche para os funcionários, mas em certo momento a preocupação maior vai ser com os idosos”, conclui.
Outros países já vivenciam essa realidade há mais tempo, mas nem por isso estão mais bem preparados. Portugal, por exemplo, tem menos cursos universitários de gerontologia que o Brasil, que tem 4. Mas os países desenvolvidos tiveram um período maior para se adaptar; aqui o envelhecimento, reflexo do aumento da expectativa de vida, aconteceu na fase do desenvolvimento. Entre as maiores preocupações estão os serviços oferecidos aos idosos, uma vez que, segundo estimativa do Ministério da Saúde, 20% das pessoas com mais de 60 anos têm a saúde comprometida.
Pensando nessa realidade, a Organização Mundial da Saúde lançou o Guia Global das Cidades Amigas do Idoso, para que os municípios de adequem e passem a fazer parte do projeto. A intenção é orientar e apoiar iniciativas positivas. São Carlos já demonstrou interesse em fazer parte, por isso a universidade e o Conselho Municipal do Idoso estão trabalhando nesse sentido.
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