O ELSI BRASIL pretende levantar as condições de vida e o acesso aos serviços de saúde de pessoas com mais de 60 anos e ajudar a definir políticas públicas
O Brasil é primeiro País da América do Sul a participar do consórcio Estudo Longitudinal das Condições de Saúde e Bem-Estar da População Idosa --denominado ELSI BRASIL. A pesquisa pretende levantar condições de vida e de saúde dos idosos. Os demais países participantes são Estados Unidos e Canadá na América do Norte, 11 países europeus, além do Japão, Índia, China e Coréia do Sul, na Ásia.
Atualmente, existem no Brasil cerca de 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa, aproximadamente, 11% do total da população, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estimativas da OMS apontam que de 1950 a 2025 a quantidade de idosos no País aumentará 15 vezes. Com isso, o Brasil ocupará o sexto lugar no total de idosos, alcançando, em 2025, aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade.
O objetivo principal do estudo é investigar a evolução e a realidade as condições de saúde, capacidade funcional e do uso dos serviços de saúde entre os idosos. A coordenadora do ELSI/BRASIL, a médica e pesquisadora Maria Fernanda Lima e Costa, afirma que esta é uma pesquisa importante ao se levar em conta dados das Nações Unidas sobre envelhecimento populacional: em 2020, daqui oito anos, a população com mais de 65 anos será superior a de crianças com menos de cinco anos. Ela revela outro número impactante sobre o cenário atual. No Brasil, 36,5% das pessoas com mais de 50 anos apresentam algum tipo de incapacidade funcional ou dificuldades para realizar uma tarefa, seja atravessar a rua, subir escadas ou ouvir. Na Inglaterra, este número é de 23%.
Os tópicos mais importantes dizem respeito à aposentadoria e suas consequencias para a saúde, situação socioeconômica, estrutura domiciliar e familiar, situações comuns aos vários países participantes, o que possibilita comparações internacionais. No Brasil, o primeiro ciclo do estudo terá uma duração de seis anos, com entrevistas de 15 mil pessoas. O investimento do Ministério da Saúde para esse estudo é de R$ 6,5 milhões.
O Ministério da Saúde também desenvolve o projeto piloto Observatório Nacional do Idoso. O objetivo é o de garantir subsídios para a construção de uma linha de cuidado para a pessoa idosa articulada com as redes de atenção já existentes. A iniciativa é uma parceria entre o Ministério da Saúde, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (São Paulo) e a secretaria municipal da saúde de Curitiba (PR).
A coordenadora da Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Cristina Hoffmann, explica que o processo de envelhecimento ativo e saudável começa na juventude, antes da pessoa chegar aos 60 anos. “É o processo de melhoria das oportunidades de saúde, participação e segurança para aumentar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem”. Segundo ela, o conceito emerge como modelo para as políticas públicas por ampliar o foco de atenção para dimensões positivas da saúde, para além do controle de doenças. Cristina afirma que programas do Ministério, como Academias da Saúde e Saúde da Família, são essenciais a meta Envelhecimento Ativo assumido pelo governo brasileiro junto a Organização Mundial de Saúde.
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