Estamos a envelhecer e não há como reverter a situação


Opinião do demógrafo Charles Haub para quem o grande desafio dos países será encontrar soluções para inverter a tendência, além da imigração. O mundo desenvolvido está «a envelhecer» e, para já, «não há forma de reverter essa situação». A opinião é do demógrafo Charles Haub, que inaugurou a discussão na Conferência «Presente no Futuro», organizada pela Fundação Manuel dos Santos, que decorre esta sexta-feira e sábado no Centro Cultural de Belém.
Com a inversão das pirâmides demográficas como pano de fundo, Charles Haub explicou que os nascimentos na Europa e nos Estados Unidos são menos, acontecem mais tarde e em famílias cada vez menos «tradicionais» (monoparentais, divorciados, etc).
«O que antes era muito invulgar, hoje tornou-se o padrão», conclui o especialista.
E, para provar o dito envelhecimento, o demógrafo trouxe para a plateia uma fotografia tirada num supermercado na Alemanha, onde o carrinho de compras tinha uma lente para aumentar as letras. «Este é o futuro!», disse, rindo, Haub.
Neste cenário, Portugal está abaixo da média europeia, com a idade do primeiro filho a subir até aos 30 anos, e seguindo o caminho inverso daquele escolhido pelos países em vias de desenvolvimento.
Haub apresentou um quadro comparativo: atualmente Portugal tem 10,6 milhões de pessoas e o Ruanda conta com 10,8 milhões. Já em 2050, estima-se que haverá 10,7 milhões de portugueses, enquanto no Ruanda serão 20,6 milhões de pessoas.
Um fosso agravado com os problemas financeiros dos países e com a fraca educação, levando o especialista a interrogar-se: «De que serve ter tantas pessoas quando não há formação nem emprego?»
Para já, são os imigrantes que travam maiores diferenças nas pirâmides demográficas e tornam, por exemplo, os EUA jovens. Mas também isso está a mudar: «A fertilidade não é assim tão grande nos países pobres. Veja-se na Turquia onde as mulheres têm, em média, dois filhos».
Por isso, este é um recurso a que os países mais ricos não poderão contar por muito mais tempo. «É preciso procurar soluções. Essa é uma responsabilidade de todos os países», alertou Charles Haub para quem a imigração não «nem de longe a solução perfeita, devido às barreiras da língua».

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