Alfabetização digital afasta a solidão e ajuda a combater doenças da terceira idade


Silver Surfer (surfista prateado) é o termo elaborado pelo European Interactive Association (EIAA) para denominar a legião de navegadores que passaram dos 60 anos, em referência aos cabelos grisalhos dos internautas dessa faixa etária. É assim que José Hishida se autodenomina, depois de fazer um curso de informática para a terceira idade. "Eu me sentia um analfabeto digital e, depois que quebrei a resistência, passei a ler jornais, jogar paciência, pesquisar preços e até fazer investimentos pela internet", afirma. Para ele, a informática tornou a vida mais ativa, divertida e saudável.
Um estudo recente da Universidade da Califórnia (EUA) mostra que, depois da experiência do primeiro contato com o computador, pessoas com idade entre 55 e 78 anos mostraram maior atividade nas áreas da linguagem, leitura, memória, capacidade visual e tomada de decisões. "É uma forma de estimular os neurônios e evitar sintomas de doenças comuns na terceira idade, como o Alzheimer, por exemplo", explica a neurologista do Hospital Vita Batel, doutora Ester London.Outra pesquisa, realizada na Universidade do Alabama (EUA), também destacou os efeitos positivos do uso da informática, desta vez para combater a depressão. Quase um terço dos entrevistados apresentaram menos probabilidade de serem diagnosticados com depressão, em comparação com os não-usuários.
Hoje, o número de pessoas acima dos 55 anos que acessam a web de casa vem crescendo progressivamente e, segundo dados do Ibope, há mais de 1,2 milhão de usuários nessa faixa etária no Brasil. A maior dificuldade é o aprendizado e a iniciação no mundo digital. O que parece tarefa simples para os plugados é algo bastante complexo para os idosos - que ficam desmotivados por não saber usufruir dos benefícios da tecnologia.
Quem não nasceu na era digital não possui tanta facilidade em manusear os equipamentos, explica o diretor do Núcleo de Aprendizado Profissional e Tecnológico (Naptec), Píndaro Cancian. "Quando tentam utilizar o computador, por exemplo, às vezes se deparam com a dificuldade em ligá-lo, mexer no mouse e memorizar os caminhos para encontrar pastas ou navegar na internet", revela. "O importante é acabar com o receio do manuseio da máquina e desvendar a amplitude da informática", destaca Cancian.
Ademis Baglioli, 70 anos, conta que muita coisa mudou desde que fez o curso. "Eu não sabia nada e meus filhos não tinham muita paciência para me ensinar. Sempre fui muito ativa, então também queria aprender algo novo e o curso abriu uma janela em matéria de comunicação e aprendizado, de vivência, de amizades", relata.

Comentários