A Arte de envelhecer com saúde



Para especialista, o idoso apresenta um envelhecimento saudável quando consegue manter a capacidade funcional, por meio da independência e autonomia.
Um quinto dos idosos brasileiros mora sozinho, índice semelhante ao de países como Itália (22%) e Portugal (18%), diz a Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, mas abaixo de EUA (27,5%) e França (29%). O fenômeno é mundial e vem crescendo graças a uma combinação virtuosa: vive-se mais e em melhores condições de saúde. A prova é que 67% (índice de pesquisa Data Folha deste ano) dos que moram sós dizem que realizam todas as tarefas domésticas. Os ajudados somam 30% (14%, por parentes e amigos; 16% , por empregadas). Mesmo que a falta de ajuda extra resulte menos da preferência pessoal e mais do orçamento apertado, a verdade é que, para parte dos idosos, viver só é sinônimo de autonomia. 
QUALIDADE DE VIDA- 
De acordo com o médico geriatra João Danilo Rudey, há uma grande heterogeneidade entre os idosos em todos os seus aspectos, sejam estes morfológicos, funcionais, psicológicos e sociais, decorrentes, entre outros fatores, da grande amplitude dessa faixa etária, que começa cronologicamente aos 60 anos e atinge 100 anos de idade ou mais. “Também é conhecido o fato de que o ritmo de declínio das funções orgânicas varia de um órgão a outro, mesmo entre idosos que têm a mesma idade. Assim fatores determinantes do envelhecimento produzem efeitos deletéricos diferentes de uma pessoa a outra”, explica. Segundo ele, todas as pessoas envelhecem de uma forma diferente e na mesma pessoa todos os sistemas e órgãos também nunca envelhecem de forma igual. “Existe o envelhecimento comum e o envelhecimento saudável. No comum os fatores extrínsecos como dieta, sedentarismo e psicossocial intensificam os efeitos adversos que ocorrem com o passar dos anos”, comenta. Já no saudável, segundo o médico estes fatores extrínsecos não estariam presentes, ou quando existentes, seriam de pequena importância. Para o médico, as condições associadas à velhice saudável são: baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais relacionadas às doenças; funcionamento físico e mental excelentes e envolvimento ativo com a vida.
HABITOS DE VIDA
Para o médico, um grande determinante do envelhecimento saudável seria pela genética observando a história familiar. Porém, segundo ele, analisando apenas este fator não se pode atuar, pois, é preciso investir nos fatores modificáveis que englobam o estilo de vida saudável, como: dieta saudável com alimentação a base de frutas, verduras, fibras, azeite de oliva, peixes de água fria; atividade física no mínimo quatro vezes na semana com exercícios aeróbicos e musculação; atividade intelectual como leitura crítica, conversação, informática, e jogos; socialização nos grupos 3ª idade, viagens entre a família e amigos; evitar vícios como tabagismo, alcoolismo; hidratação mantendo a boa ingestão de líquidos em geral;medicação correta usando somente medicação correta indicada pelo médico e o mínimo necessário, pois não existe remédio fraco ou isento de efeito colateral; saber planejar uma aposentadoria para viver dignamente na velhice; felicidade maximizando seu potencial para sentir afetos positivos e minimizando os afetos negativos; acompanhamento médico pelo menos uma vez ao ano realizando um check-up ou screening.
COM SAÚDE
No Brasil do início do século passado, os tais velhos eram muito mais moços; a expectativa de vida ao nascer era de 34 anos. Em 2007, último dado disponível no IBGE, havia saltado para 72,6 anos. Longevidade, anticoncepcional, liberação sexual, divórcio e avanços da medicina tornaram obsoleto aquele velho precoce. Mudou tudo, inclusive os termos. Em vez do sexagenário aposentado (alguém recolhido a seu aposento), expressões mais fiéis, como terceira e quarta idades, que indicam uma sequência natural e mais vida pela frente. De acordo com o médico geriatra, o idoso apresenta um envelhecimento saudável quando consegue manter a capacidade funcional, por meio da independência e autonomia. “O idoso que conseguir envelhecer de forma saudável conseguirá se manter e viver na sua residência sem auxilio direto”, explica.

Quando alguém na família pede mais cuidado - O número de idosos que vivem sozinhos está crescendo. De acordo com dados do Censo, realizado pelo IBGE em 2011, são quase 3 milhões que moram sozinhos, o que representa 14% do total de brasileiros com mais de 60 anos. Vivendo sozinho, em casa de parentes ou em instituições, o importante é evitar o isolamento. “É essencial conviver com a família, na igreja, com grupos de terceira idade”, explica o médico geriatra João Danilo Rudey. Segundo ele, todas as pessoas que desejam envelhecer com saúde devem manter a rede de amigos e de familiares, contar com recursos financeiros suficientes, além de vivenciar uma velhice satisfatória do ponto de vista coletivo e individual. “Mas nem sempre todos conseguem, alguns passam por algum evento que determine a perda da independência funcional ou financeira, que desta forma leva à necessidade de uma modalidade assistencial”, lembra referindo-se aos idosos que necessitam de cuidadores.
De acordo com o médico, nas modalidades que necessitam de assistência existem vários tipos de cuidadores, como por exemplo, a família natural do idoso independente atendido pela própria família, para manter sua autonomia e independência. A família acolhedora o idoso sem família, em situação de abandono ou que sofreu abusos, também para manter a capacidade funcional. A residência temporária: o internamento no máximo de 60 dias em qualquer instituição, seja hospital ou clínicas, para o idoso semi dependente, com finalidade de reabilitação e com retorno à família ou cuidador após recuperação e os centros-dia onde muitos idosos passam o dia neste local e à noite voltam para a família. Segundo o médico, neste local os idosos teriam o suporte para atividades básicas, socialização, saúde, lazer e atividades ocupacionais e os centros de convivência nos quais acontecem encontro de idosos com atividades planejadas, evitando o isolamento social. “Já a casa-lar é destinada para idosos que estão sós, sem família, ou com renda insuficiente para sobrevivência e tem a finalidade melhorar a convivência do idoso com a comunidade, melhorando sua autonomia”, explica. Além disso, existem idosos que precisam de atendimento integral institucional que compreende os asilos de longa permanência, para idosos sem famílias, dependentes e em situação de vulnerabilidade. “Ficam internados por tempo indeterminado, recebendo assistência integral, como, social, psicológica, médica, fisioterapia, terapia ocupacional, enfermagem, odontologia, e inúmeras outras atividades especificas para este segmento social”, comenta.
CASA PARA QUEM MORA SÓ
O mais perigoso dos acidentes domésticos para idosos que moram sozinhos é a queda. Para evitar que esse acidente aconteça, a casa para os idosos que moram sozinhos deve ter alguns cuidados que previnem acidentes. Desde coisas simples já podem ajudar como não deixar obstáculos no caminho, até adaptações mais sofisticadas, contudo, não é necessário transformar a casa do idoso em uma ‘casa ortopédica’. O ideal é pensar em acessibilidade ao longo da vida. Sofás fofos, por exemplo, não são recomendados porque tornam difícil o ato de se levantar e isso piora com o tempo. O banheiro pode ter um espaço reservado para o caso de ser preciso instalar barras de apoio. Essas mudanças, porém, devem ser feitas para aumentar a segurança e não para simplificar a vida do idoso. Uma pessoa que consegue tomar banho em pé pode até ter uma cadeira instalada no box, mas deve ser estimulada a usá-la o mínimo possível. Para o geriatra, rotinas reduzem o risco de acidentes. Um padrão para o banho, como deixar a toalha no mesmo lugar- ajuda o idoso a se lembrar de cuidados que deve tomar.


 

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