'Super-herói' do RS ajuda idosos, recolhe lixo e tem cinto de utilidades


Capitão Bonfa auxilia quem passa pelo bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Super-herói da capital gaúcha começou com o 'serviço' no início do mês.
Capitão Bonfa percorre as ruas do Bairro Bom Fim, em Porto Alegre, e ajuda moradores (Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS)
Capitão Bonfa percorre as ruas do Bairro Bom Fim e ajuda moradores (Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS)


Os super-heróis geralmente são figuras da fantasia e da ficção. Em sua maioria, têm superpoderes inimagináveis em humanos normais e andam pelas ruas mascarados para manter sua identidade secreta. Sem poderes especiais, mas com o mesmo traje e até um cinto de utilidades, o super-herói da vida real do Rio Grande do Sul atende pelo nome de Capitão Bonfa, em homenagem ao apelido do Bom Fim, tradicional bairro de Porto Alegre.
Eu distribuo apitos para as pessoas me chamarem. Ajudo umas seis pessoas por dia"
Capitão Bonfa

Foi inspirado nas produções de Hollywood que o profissional da área de vendas, com 26 anos, decidiu vestir um uniforme todo azul para ajudar os necessitados e contribuir com o meio ambiente em Porto Alegre. Sua identidade, assim como nos quadrinhos, é secreta para quase todos em sua vida. Ele não revela a segunda ocupação aos colegas de trabalho nem aos amigos. Apenas alguns familiares mais próximos sabem.

"Eu distribuo apitos para as pessoas me chamarem. Ajudo umas seis pessoas por dia, em média. Levo coisas pesadas, ajudo a atravessar a rua", contou o Capitão Bonfa ao G1, durante uma ronda acompanhada pela reportagem.

Neste clima de mistério, o Capitão Bonfa começou a percorrer diariamente as ruas Bom Fim neste mês para auxiliar quem precisa. Com sua capa e máscara, o herói faz uma ronda pela região todo fim de tarde, quando recolhe a sujeira deixada por animais, ajuda idosos e deficientes físicos a atravessar a rua, além de outras ações.

"A ideia surgiu faz algum tempo. Adoro super-heróis e já vi pessoas fora do Brasil começando com esta iniciativa. Comecei a experimentar, desenhar a roupa. Até que resolvi colocar em prática e ajudar as pessoas que precisam", disse.Para chamar o super-herói de Porto Alegre, basta soar três vezes o apito que é distribuído pelo Capitão Bonfa durante a caminhada pelo bairro. Como Batman, seu super-herói favorito, têm um cinto de utilidades. No acessório, nada de armas e objetos cortantes. Apenas uma lanterna, ferramentas e sacos de lixo que são distribuídos para que as pessoas limpem a sujeira deixadas pelos animais de estimação durante o passeio pelas ruas do Bom Fim.

Durante a ronda acompanhada pelo G1, o homem com roupa de super-herói atraiu olhares curiosos. As crianças não escondem o encantamento. "Eu não sabia que tinha um super-herói em Porto Alegre. Achei muito legal", elogiou Maria Vitória Rodrigues, de 12 anos.
Dono de um trailer no bairro aprova iniciativa do
super-herói (Foto: Vinicus Rebello/G1)

Em média, segundo o próprio Capitão Bonfa, são cerca de seis atendimentos diários. No entanto, muitos ainda não entendem o verdadeiro sentido de um super-herói.

"Uma vez ouvi soar três vezes o apito. Fui ver o que um homem precisava. Ele me pediu ajuda para lavar o carro. Disse pra ele que para este serviço havia profissionais mais qualificados", contou, sorrindo, o Capitão Bonfa.

Apesar do pouco tempo em ação, o Capitão Bonfa começa a ganhar prestígio junto a moradores e donos de estabelecimentos no Bom Fim. Fabiano Borges, que é proprietário de um trailer na esquina da Rua João Teles com a Avenida Oswaldo Aranha, aprova a iniciativa.

Com capa e máscara, herói da vida real mantém o
segredo sobre sua identidade
(Foto: Vinicus Rebello/G1)

"Ele sempre passa por aqui. Me deu um apito e disse que quando eu precisar é só chamar. É uma iniciativa legal. Pode até não ser grande coisa, mas as pessoas precisam de ajuda muitas vezes. Aqui no Bom Fim moram muitos idosos e ele ajuda estas pessoas. Acho que as autoridades deveriam olhar com mais carinho para o trabalho que vem sendo feito pelo Capitão Bonfa", disse o comerciante.

Ao ser questionado sobre o assédio feminino, o super-herói despista. "Eu ouço algumas brincadeiras, mas não se pode levar muito a sério a cantada de uma mulher para um homem que anda todo mascarado", concluiu o Capitão Bonfa, que está solteiro no momento.

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