Contratação de idosos cresce 60% em c inco anos em Marília, SP


Experiência, paciência e comprometimento são as principais qualidades. Quem se aposenta e permanece trabalhando continua recolhendo impostos.


Experiência, paciência e comprometimento são qualidades entre várias outras que as empresas costumam levar em conta quando contratam funcionários com mais de 60 anos. Qualidades apreciadas e que vêm fazendo crescer o número desse tipo de trabalhador no mercado formal. Em Marília, SP, a cidade teve crescimento significativo nos últimos anos.

Segundo dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), o número de idosos contratados na cidade subiu 60% entre 2006 e 2011. De acordo com especialistas em Recursos Humanos, o segredo está justamente no fato de mesclar no quadro de funcionários o "gás" dos jovens e a sabedoria de quem de já viveu mais.

O gerente de alimentação Francisco Bitelli já passou dos 60. Ele garante que tem a vitalidade de um garoto para trabalhar e que a experiência é um ponto positivo. Já a idade não atrapalhou na hora de conseguir um emprego. "Eu acho que hoje não. Agora em um passado não tão remoto era mais difícil. Mas hoje o mercado já está buscando essas pessoas", disse.

A quantidade de profissionais que se aposentam e voltam à ativa está cada vez maior. O empresário Eduardo Kawakami tem a explicação. Segundo ele, o desempenho dos mais velhos, em determinadas funções, é bem melhor que dos mais jovens. "Essas pessoas têm uma qualidade intelectual mental privilegiada porque ele tem muito mais experiência. Onde colocar tem necessidade dessa questão da inteligência, da experiência. Ela se sai muito bem".

Mas o aposentado que volta ao mercado precisa ficar atento a algumas diferenças em relação aos direitos de um trabalhador comum. Isso porque ele perde uma série de benefícios. "Os outros benefícios em função de ela já receber aposentadoria não tem direito, por exemplo, ao auxílio doença, auxílio acidente e outros benefícios", explicou o gerente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O que não muda são as responsabilidades. Quem se aposenta e não sai do mercado de trabalho deve continuar recolhendo as contribuições. Só que o dinheiro passa a ir para um fundo que ajuda a saúde, previdência e assistência social.

Por isso, muitos trabalhadores estão procurando a justiça para ter o benefício reajustado. A ação de desaposentadoria pede o cancelamento do benefício que a pessoa recebe para substituir por outra, desde que financeiramente seja vantajoso. Para isso é feito um cálculo do novo benefício levando em conta as últimas contribuições. A advogada Marília Miguel informou que o assunto é controverso, mas que muitos juízes já deram parecer favorável.
"Nós estamos tendo êxito pelo seguinte princípio: ela contribuiu. Não é justo que a pessoa recolha para o INSS e não tenha isso como um benefício, como uma contrapartida. De uma maneira ou outra vai ter que se resolver. Ou o poder judiciário vai dar uma solução para isso, ou o próprio Congresso vai se posicionar editando uma legislação ou criando uma alternativa de como que fica as pessoas que continua trabalhando e contribuindo perante o regime geral de Previdência Social".

O empacotador João Carrara se aposentou há 15 anos e voltou à ativa para reforçar o orçamento da família e planeja fazer um novo pedido de aposentadoria. “Eu tinha noção geral do assunto e só estava aguardando alguma publicação mais oficial. Uma publicação que parta da mão do governo porque é ele que assina tudo depois para eu poder fazer alguma coisa e poder requisitar os meus direitos. Nada mais justo do que se a gente tiver o direito, pleitear o direito que lhe cabe", disse.


Pessoas acima dos 60 anos estão conseguindo voltar ao mercado de trabalho (Foto: Reprodução TV Tem)

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