ARTIGO: Queixas de memória de idosos e sua relação com escolaridade, desempenho cognitivo e sintomas de depressão e ansiedade


O processo de envelhecimento é acompanhado de declínio em algumas habilidades cognitivas, como a memória episódica e as funções executivas. Entretanto, apenas em alguns casos o declínio cognitivo evolui para a demência. O idoso que apresenta algum prejuízo mnemônico, mesmo que não patológico, em tese, pode queixar-se da memória com maior frequência.
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As queixas de memória também  podem ser consideradas parte do conceito de metamemória, visto que refletem percepções e autoavaliações da memória. Têm sido utilizadas, por alguns autores, como um dos critérios para a identificação de prejuízos cognitivos em idosos. Estudos apontam que as queixas podem indicar uma real dificuldade cognitiva, entretanto, outros sugerem que as queixas estão mais associadas a fatores psicológicos, como ansiedade, depressão e alta exigência pessoal.
Alguns pesquisadores ressaltam que essas queixas podem predizer demência em idosos que apresentam alterações cognitivas quando acompanhados por, no mínimo, dois anos. Os autores destacam, ainda, a possibilidade de as queixas serem fator preditivo para a demência em indivíduos com alta escolaridade, mesmo quando não são identificados prejuízos cognitivos em avaliações breves. Estudo longitudinal recente destacou a importância da queixa de memória entre idosos altamente escolarizados para a detecção precoce do declínio cognitivo.
Pesquisas longitudinais sugerem que as queixas subjetivas de memória entre idosos sem demência não são apenas secundárias à depressão, mas refletem o status cognitivo e expressam, em parte, uma percepção realística de declínio cognitivo. Além disso, existem sugestões de que as novas queixas, sobretudo em indivíduos mais velhos e entre os que apresentam status cognitivo inicial mais baixo, possam expressar a presença de prejuízo cognitivo significativo e maior risco de evolução para a demência.
Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar se as queixas de memória variam entre indivíduos de diferentes faixas de escolaridade e se estas possuem relação com desempenho cognitivo, sintomas de depressão e de ansiedade. A pesquisa justifica-se pela necessidade de se ampliar a compreensão atual sobre as variáveis que podem modular as queixas de memória, visto que possuem relevância para decisões clínicas no contexto do envelhecimento.

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